Jesus teria falado em línguas estranhas?Não
temos nenhum registro bíblico que mostra Jesus falando em línguas estranhas. É
simples entender isso. Primeiro é
preciso atentar para os propósitos do batismo no Espírito Santo. Segundo,
porque Cristo, “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo
era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por
ele, e sem ele nada do que foi feito se fez”, Jo 1.1-3. Assim como Gênesis,
João também é um livro que fala de Princípio, Início (“No Princípio criou
Deus…/No Princípio era o Verbo”). Verbo é a ordem, a determinação para que as
coisas ocorram, a Palavra dita (rhema) e sua eficácia, portanto, o próprio
Senhor.
Quando João anunciou o Salvador disse o
seguinte: “Eu, em verdade, tenho-vos batizado com água; ele, porém, vos
batizará com o Espírito Santo. E aconteceu, naqueles dias, que Jesus, tendo ido
de Nazaré. Da Galiléia, foi batizado por João, no rio Jordão. E, logo que saiu
da água, viu os céus abertos e o Espírito, que, como pomba, descia sobre ele. E
ouviu-se uma voz dos céus, que dizia: Tu és o meu Filho amado, em quem me
comprazo. E logo o Espírito o impeliu para o deserto. E ali esteve no deserto
quarenta dias, tentado por Satanás. E vivia entre as feras, e os anjos o
serviam”, Jo 18-13.
Conforme vemos neste Evangelho, o próprio
Senhor Jesus é quem batiza com/no Espírito Santo.
Ainda no mesmo livro temos a presença do
Espírito Santo, enviado pelo Senhor Jesus à Igreja, com a idéia (no original),
de “outro da mesma espécie”.
O propósito do envio do Espírito Santo,
conforme João foi justamente para consolar (estar ao lado) dos discípulos, que
passariam a não mais contar com a presença corpórea de Jesus, e ao saberem da
futura ausência do Senhor, tiveram o coração cheio de tristeza (Jo 16.6). Então
Jesus disse: “Todavia, digo-vos a verdade: que vos convém que eu vá, porque, se
eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, se eu for, enviar-vo-lo-ei”, v7.
Este versículo, conforme comentário da Bíblia
de Estudo Pentecostal deixa “claro que o derramamento pentecostal do Espírito
Santo ocorrerá somente depois de Cristo voltar para o Céu”.
Jesus ensina ainda sobre a atuação e
propósito do Espírito Santo entre a Igreja: “Ele me glorificará, porque há de
receber do que é meu e vo-lo há de anunciar”, 16.14.
Por fim, no Dia de Pentecostes, cumprindo-se
as 7 semanas após a Páscoa (“Porque Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por
nós”, 1Co 5.7), portanto no 50º. dia (Penteconta), os discípulos receberam o
batismo no Espírito Santo, conforme Atos 2.1-4.
Entende-se então que a promessa recebida
pelos discípulos (e ainda os discípulos de hoje recebem) é algo dado pelo
próprio Senhor Jesus, por meio do Espírito.
No caso dos dons, segue-se a mesma indicação:
“Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo. Pelo
que diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro e deu dons aos homens. (…) E
ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para
evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos
santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo”, Ef
4.7-8,11-12.
Não havia nenhum propósito em Jesus falar
línguas estranhas, mas no caso de nós – seus discípulos – sim, pois “…a
manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil“, 1Co 12.6. Ele
reparte essa unção a cada um (v11). Também no batismo no Espírito Santo
forma-se um só corpo – o de Cristo, ou a Igreja, enquanto Cristo é a Cabeça de
todos. Somos ainda em Cristo “edificados casa espiritual” (1Pd 2.5) e o dom de
línguas estranhas nos serve como edificação pessoal (1Co 14.4). Ele está entre
os dons espirituais outorgados à Igreja pelo próprio Jesus e, portanto, após a
Expiação do Senhor Jesus.